13 de novembro de 2014

A teimosia

Numa das suas muitas aparições públicas, Passos Coelho admitiu que só a sua conhecida teimosia tinha permitido a saída limpa da intervenção externa a que estivemos sujeitos e também evitar um segundo resgate.

Creio que, com esta deixa, o Primeiro- Ministro acredita naquilo que diz, mesmo vendo que o que se passa à sua volta não corresponde a esta visão triunfalista.

Mas, pondo a hipótese de tal ser verdade, que a teimosia de Passos Coelho foi providencial, temos de fazer uma reflexão para se perceber os contornos desta sua ideia.

Em primeiro lugar não quero acreditar que Primeiro-Ministro tenha confundido teimosia com outra coisa qualquer, como determinação ou coragem, por exemplo.

A teimosia, segundo o dicionário, define-se como o “apego obstinado às próprias ideias” sabendo-se que obstinado, ainda segundo o mesmo dicionário, significa que “não se pode persuadir ou convencer”.

Revendo o passado recente, tudo o que se passou nos últimos anos, tenho de reconhecer que, afinal, Pedro Passos Coelho terá razão no que disse.

Já no passado fomos governados por um Primeiro-Ministro que nunca se enganava e raramente tinha dúvidas e agora somos governados, nos últimos três anos, por um Primeiro-Ministro que, segundo as suas próprias definições, não gosta de ouvir ninguém e muito menos se deixa influenciar por terceiros.

Resta saber se essa obstinação não terá sido prejudicial a Portugal e aos Portugueses. O certo é que Portugal está pior, os Portugueses estão mais pobres, a dívida pública cresceu, o sistema de saúde enfraqueceu, a educação não é o que era e os apoios sociais mingaram.

Uma escritora austríaca (Marie Von Ebner-Eschenbach) escreveu, a esse propósito, que a força de vontade dos fracos chama-se teimosia.

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