22 de janeiro de 2015

E agora?

A notícia era esperada mas foi recebida como um murro no estômago, à falsa-fé. Os Americanos vão mesmo reduzir a Base das Lajes a uma simples estação de serviço no meio do atlântico. A presença daquela força militar será diminuída e, por esse motivo, serão reduzidos os postos de trabalho de muitos Portugueses. Fala-se em dois mil, entre os diretos e os indiretos.

A diplomacia norte-americana nunca nos enganou. Os Estados Unidos da América, ao deixarem de ter o interesse por aquela estrutura militar, deram agora o golpe de misericórdia e vão embora sem qualquer asco, deixando cá apenas o mínimo para quando precisarem. É tipo pastilha elástica, quando fica sem sabor deita-se fora…

No meio desta turbulenta redução de meios por parte daquele país, que jura ser nosso aliado, resta-nos aferir qual foi o papel do Governo da República. Fica a dúvida se nestes dois últimos anos tudo foi feito para inverter esta intenção ou se, por outro lado, a diplomacia Portuguesa se terá deixado encantar por outras contrapartidas, como insinuou o embaixador norte-americano quando afirmou que já estava tudo devidamente acertado. Ambas as situações, a confirmarem-se, são graves.

O Governo Regional dos Açores tem acompanhado a par e passo esta situação e feito um grande esforço no sentido de minimizar os estragos daquela decisão, com o apoio, sejamos justos, de todos os partidos com assento na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores. Foram dois anos de trabalho silencioso, como era conveniente, aproveitando os contributos das câmaras municipais da Ilha Terceira, das oposições e de outros parceiros sociais com ligações a este processo.

Foi preparado um programa para mitigar o efeito previsto, que, muito certamente, cairá em catadupa a partir de agora. Muitos conheciam-no, mas ninguém ousou falar dele para não enfraquecer a posição de Portugal.

Aparentemente o Governo da República, perante esta realidade que afetará irremediavelmente a economia da Terceira e dos Açores, assobia para o lado. O primeiro-ministro comporta-se como se esta catástrofe não acontecesse no seu (nosso) país e o ministro dos negócios estrangeiros, num assalto de incompreensível ciúme, parece mais interessado em definir as competências do que tratar o que realmente interessa.

Num momento em que seria necessário impor uma posição firme de Portugal, exigindo responsabilidade e os seus direitos, vemos os seus maiores representantes de cócoras.

Não se admirem, portanto, de verem os Açorianos numa busca desenfreada por soluções porque quando o Estado falha desta maneira é preciso que alguém faça alguma coisa.

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