19 de fevereiro de 2015

Para o ano há mais

Terminou mais um Carnaval. Como diz o nosso povo, “tudo o que é bom também tem o seu fim”. A esse respeito, um conhecido folião dizia-me, do alto da sua já provecta idade, que o dia mais triste do ano era, para ele, a quarta-feira de cinzas.

Na Ilha Graciosa o Carnaval molda o quotidiano dos Graciosenses desde o Natal. Os afazeres do dia-a-dia são intercalados - para além dos convívios proporcionado pelas matanças do porco, dos dias dos amigos, das amigas, dos compadres e das comadres - pelos bailes tradicionais que se realizam nos clubes desportivos, recreativos e filarmónicas por toda a ilha, primeiro ao fim de semana e, na parte final desta época, praticamente todos os dias.

O convívio e o reencontro com amigos marcam estes momentos de alegria, mas o divertimento puro e duro é o resultado mais visível deste período. Dá a ideia que os Graciosenses, dizem os que nos visitam, aprenderam a dançar à saída do berço. Novos e velhos fazem jus dessa fama e todos se empenham em dar fulgor ao Carnaval, gingando até amanhecer ao ritmo dos acordes dos conjuntos musicais que animam os salões.

O Carnaval da Graciosa sempre foi diferente. Na sua génese está o mote “diversão para todos”. As pessoas deslocam-se aos clubes para assistir ao ritmo dos bailarinos e ao colorido das fantasias mas não abdicam de participar ativamente nos longos bailes que só esmorecem depois do nascer do dia.
Curiosamente os clubes fazem o mesmo que fazem as famílias Graciosenses. Franqueiam as suas portas e recebem, como ninguém, os forasteiros, fazendo tudo para que se sintam bem.

Todos os anos ouvimos os mais pessimistas augurarem o fim do Carnaval tal como tem sido até agora. Mas todos os anos assistimos, também, ao renovar do entusiasmo por parte das direções que dão um brilho especial aos festejos carnavalescos, quer na decoração das salas, nas coreografias e na elaboração das fantasias.

Este ano cumpriu-se, e bem, a tradição. Para o ano há mais…

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