O jornal “A União” desapareceu
como diário, talvez na qualidade de mais uma vítima desta conjuntura económica desfavorável
que atravessamos. Depois de 120 anos a escrever a história e histórias dos
Açores, atravessando momentos altos e outros baixos, certamente, encerra assim,
sem mais nem menos, um dos ícones da comunicação social da nossa região.
Nesta quadra de Natal, sempre
propícia a encontros com familiares e amigos e em que as conversas são, quase
sempre, alinhadas por lembranças alegres da nossa infância, recordo este diário
vespertino que sempre cobriu a velha secretária lá de casa.
O carteiro deixava na nossa
residência um molhe com uma ou duas semanas de edições do jornal, normalmente
atadas com um barbante cor de canela. Chegavam-nos desatualizados, mas valia a
pena. Abria-nos a janela do mundo.
Foi este jornal que acolheu um
suplemento sobre a Graciosa. Foi neste jornal que me habituei a ver e a ler
artigos de meu pai ou títulos de secções, ou do próprio jornal, desenhados pelo
seu punho. Foi também neste jornal que publiquei pela primeira vez, uma crónica
desportiva, no caso, que esperei ansiosamente apenas para a reler e apreciar,
embevecido, o meu nome escrito no seu rodapé.
O seu desaparecimento é uma
notícia triste para todos nós e ainda para mais recebida nesta altura que devia
ser de alegria e de confraternização, altura, também, em que há mais harmonia e
em que pensamos mais nos outros.
É triste porque ficamos todos
mais pobres. É muito mais triste, ainda, para aqueles que perderam o seu
ganha-pão, apesar de terem dado tudo de si para que esta situação nunca
acontecesse.
Assim morreu mais um jornal. A
nossa democracia ficou muito mais pobre.
Sem comentários:
Enviar um comentário